Informação sobre enxaqueca, causas, sintomas e tratamento da enxaqueca e cefaleia. Abordamos todos os tipos de enxaqueca.


Enxaqueca nas crianças

A enxaqueca é hoje uma das doenças mais frequentes entre as crianças. As crianças também sentem dores de cabeça. Aproximadamente 10% das crianças em idade do pré-escolar, e 50% das crianças que frequentam o 1º ciclo do ensino básico, sofrem, ou já sofreram de enxaqueca, dores de cabeça repetidas, acompanhadas de outros sintomas. O uso exagerado do computador, da televisão ou de jogos de vídeo, conjugado com o facto de dormir menos do que aquilo que é aconselhável, são as principais causas que provocam dores de cabeça nas crianças.
A ocorrência desta doença pode também estar associada ao stress, e à ingestão de alguns alimentos ou bebidas. Quando uma criança reclama de dor de cabeça, devemos ouvi-la atentamente e dar-lhe atenção de modo a tentar identificar claramente os sintomas sentidos. Pode ser que sua dor esteja relacionada com problemas físicos ou emocionais, ou com algum sintoma grave. Se a criança se queixa que a cabeça dói e não tem relação com alguma enfermidade ou mal-estar físico, e se a dor que sente é forte e não atenua, deve levá-la ao pediatra. Uma criança que sente dor de cabeça com muita frequência também deve ser levada ao médico, para se poder apurar se existe algum tipo de doença associada.

Tipos de dor de cabeça

Existem muitos tipos de dor de cabeça. Aqui enumeramos algumas delas:
• Cefaleia por tensão nervosa: dor contínua em uma ou mais áreas, com dor nos músculos do pescoço e parte superior das costas, podendo haver tonturas. Um dos tratamentos mais comuns para esta dor inclui a aplicação de blocos de gelo no pescoço e parte superior das costas. Tome vitamina C e P(bioflavonóides) extra. Evite açúcar, cafeína, alimentos alergênicos, estresse. Pratique mais exercícios.
• Dor de cabeça por ressaca: Causada geralmente após ingerir bebidas alcoólicas. Coloque gelo no pescoço e beba muita água e sucos de fruta. Pare de beber álcool.
• Cefaleia por esforço físico: Esta é causada por esforço físico ou sexual excessivo. Aplicar blocos de gelo ao ponto de dor, melhorar a dieta e parar com os excessos.
• Dor de cabeça devido à cafeína: Acontece quando você tenta parar com sua dependência de café muito rapidamente. Beba uma pequena quantidade de café para parar a dor de cabeça, e depois, gradualmente, vá diminuindo a dose até parar.
• Cefaleia devido aos seios nasais: Dor à direita e/ou à esquerda do nariz e sobre ele. Aplique calor húmido para reduzir os problemas, e tome mais vitamina C.
• Cefaleia menstrual: Ocorre antes ou durante a menstruação. Tome potássio, magnésio e vitamina B6.
• Dor de cabeça por fome: A cefaleia geral que ocorre pouco antes da refeição, e é causada por pular refeições ou dietas excessivas. Melhore suas refeições, incluindo carboidratos e proteínas, para ajudar seu corpo a aguentar firme até a próxima refeição.
• Dor de cabeça por fadiga visual: Dor nos lobos frontais, logo atrás dos olhos. Muitos pensam isto é causado por problemas não corrigidos da visão, mas também pode ser causada por muito trabalho do cérebro, principalmente em horas tardias. Mude o seu modo de vida e verifique se você precisa de uma mudança de óculos.
• Dor de cabeça devido à artrite: Dor na parte traseira da cabeça ou pescoço, que aumenta com o movimento. Chá da erva matricária é recomendado, mas não durante a gravidez.
• Dor de cabeça por hipertensão: Uma dor incómoda em grande parte da cabeça, aumentada pelo movimento. Abaixe sua pressão arterial.

Pontos de acupuntura para tratar enxaqueca

Os Tratamentos da Enxaqueca através da Acupuntura, têm diferentes pontos de actuação, pelo que se descreve cada um em função da tipologia da enxaqueca (cefaleia):

 - Enxaqueca tipo Vento com Umidade:
Pontos: Feng Chi (VB20), Tou Wei(E8), Tong Tian(B7), He Gu(IG4), San Yang Luo(TA8).
  Manipulação: Sedação

- Enxaqueca tipo ascensão do Yang do Fígado:
Pontos: Xuan Lu(VB5), Han Yan(VB4), Tai Chong(F3), Tai Xi(R3).
Manipulação: Sedação

- Enxaqueca tipo estagnação da Fleuma: 
Pontos: Zhong Wan(VC12), Feng Long(E40), Bai Hui(VG20), Yin Tang(Extra)
Manipulação: Sedação.
 
- Enxaqueca tipo deficiência do Sangue:
Pontos: Shang Xing(VG23), Xue Hai(BP10), Zu San Li(E36), San Yin Jiao(BP6)
Manipulação: Tonificação.


.- Enxaqueca tipo estagnação do Sangue:
Pontos: A-Shi, He Gu(IG4), San Yin Jiao(BP6)
Manipulação: Tonificação ou Sedação.

Tipos de enxaqueca de acordo com a Medicina Tradicional Chinesa

De acordo com a Medicina Tradicional Chinesa a enxaqueca ou cefaleia diferencia-se de acordo com diversas tipologias, nomeadamente:

1 - Tipo Vento com Umidade:

É causada pela energia perversas como Vento Frio, Umidade, atingindo região da cabeça  provocando estagnação da circulação da energia e do sangue, causando dor de cabeça. Se conseguir liberar o Vento e o Frio, a dor passa; se a Umidade continua, quando encontra o dia frio e chuvoso a dor reaparece.

2 - Tipo Ascensão do Yang do Fígado:

Pode ser causado pela angustia, raiva, nervoso, que provocam estagnação da energia formando calor no meridiano do Fígado, subindo para a cabeça. Pode ser também causada pela deficiência dos Rins, os Rins potenciam o elemento  Água, que não consegue nutrir o elemento Madeira do Fígado, causando Yang falso do meridiano do Fígado subindo para a cabeça provocando a dor.

3 - Tipo Estagnação da Fleuma :

Acontece nas pessoas que sempre foram mais “fortinhas”, que costumam comer pratos fartos, comidas fortes, muitas sobremesas ou gorduras, formando a Fleuma e estagnando a circulação da energia, causando dor de cabeça.

4 - Tipo Deficiência do Sangue:

Acontece nos pacientes que tem doenças graves e crónicas, ou depois da perda de sangue formando deficiência do Sangue, o sangue não consegue irrigar bem a cabeça, causando dor de cabeça.
 
5 - Tipo Estagnação do Sangue:

As dores de cabeça agudas depois de um certo prazo se aprofunda no corpo atingindo a circulação dos meridianos; ou quedas; lesões atingindo a região da cabeça causando estagnação do Sangue e da Energia formando a Cefaleia.

A acupuntura no tratamento da enxaqueca

A origem da Acupuntura confunde-se com o início da civilização chinesa pelos indícios existentes de uma tradição onde os conhecimentos eram transmitidos verbalmente de mestre para discípulo. Na dinastia do Imperador Amarelo (Huang Di) tais conhecimentos foram condensados num livro tradicional conhecido até hoje como a “Bíblia da Acupuntura”, denominado Huang Di Nei Jing, que se trata de um texto escrito em forma de diálogos nos quais se obtém informações a respeito da todas as questões ligadas à saúde, principalmente, sobre a arte da cura (HISTÓRIA DA ACUPUNTURA, 2003).
A acupuntura tem por objectivo tratar as doenças por meio de aplicações
de agulhas de corpo longo e ponta fina em pontos determinados para produzir sensações ao paciente com a finalidade de curar uma enfermidade (YAMAMURA, 1993).
Para a Medicina Chinesa, o corpo é constituído de Matéria e Energia. Existem as energias que o homem absorve através da respiração (Energia Celeste), através da alimentação (Energia Terrestre) que juntas constituem a Energia Essencial e que esta, juntamente com a Energia Ancestral, vão constituir a Energia Nutridora e a Energia Defensiva. O equilíbrio destas Energias, de uma maneira geral, é o responsável pela saúde do indivíduo.
Quando há o desequilíbrio ou um excesso de Energia Celeste, considerados os factores de adoecimento, o indivíduo adoece (CORDEIRO, 2001;WEN, 1995).
Existem as teorias:
a) Yin-Yang, representado no Tai Chi (Grande Princípio Primordial), referindo que todo o fenómeno do universo é um íntegro formado por 2 partes opostas e complementares que se relacionam mutuamente;
b) Órgãos e Vísceras (Zang-Fu), referindo as actividades fisiológicas dos órgãos que permitem o equilíbrio energético;
c) Cinco elementos (Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água) que, na realidade, são os 5 elementos básicos que constituem a natureza onde existe, entre eles, uma interdependência e uma inter-restrição que determinam seus estados de constante movimento e mutação, sendo essa teoria comummente usada como guia na aplicação do tratamento após realizado o diagnóstico.
Todas as teorias são utilizadas para, de maneira filosófica, explicarem os processos patogénicos e curativos através do reequilíbrio da Energia Vital (Qi), com a manutenção dos 12 canais de energias bilaterais e dois canais unilaterais existentes no corpo humano (YAMAMURA, 1993; MACIOCIA, 1996;WEN, 1995).
O diagnóstico na acupuntura se dá por quatro (4) procedimentos:
a) inspecção – geral e regional, onde a língua é muito inspecionada durante diagnóstico pelos acupunturistas chineses;
b) ouvir as queixas e sentir os odores apresentados pelo paciente;
c) questionar os dados a respeito da duração, local e tipos de sintomas e sinais;
d) palpação – pulsologia, um dos métodos também muito utilizado pelos acupunturistas, pois, baseado na observação milenar da medicina chinesa, existe uma relação entre a posição do pulso e os diferentes meridianos do organismo podendo, desta forma, indicar a situação do meridiano no indivíduo naquele momento (WEN, 1995).
Com relação aos instrumentos de aplicação da acupuntura, estes foram
se desenvolvendo a partir do momento em que novos materiais foram sendo descobertos resultando na confecção das agulhas. Existem provas arqueológicas de que as agulhas eram feitas primariamente de pedras polidas, mas depois evoluíram para outros materiais como ossos, bambú, barro, ferro, ouro e prata, ligas metálicas até às agulhas de aço inoxidável que são utilizadas até os dias de hoje. Paralelamente ao desenvolvimento da aplicação por agulhas houve também o desenvolvimento do uso da moxa (cones ou bastões acesos feitos a partir de folhas secas de Artemisia vulgaris) para cauterizar ou aquecer determinadas regiões da pele, apesar de alguns autores acreditarem que a moxa é ainda mais antiga que a acupuntura. A aplicação da acupuntura pelo corpo pode ser feita através de pontos por todo o corpo (Acupuntura Sistémica) ou através de pontos localizados em partes determinadas do corpo (Acupuntura Microssistêmica) onde, por exemplo, a orelha é considerada um microssistema juntamente com a face, mãos, pés, a cabeça na craneoacupuntura e outros (YAMAMURA, 1993; WEN, 1995).
Com a passar dos tempos, os métodos de aplicação da acupuntura também foram se desenvolvendo onde, antigamente, os estímulos nos pontos de acupuntura eram apenas mecânicos (agulhas, massagens e ventosas) e térmicos (moxa), com a evolução da ciência, outros tipos de estímulos também podem ser administrados hoje como, por exemplo, estímulos eléctricos (eletroacupuntura), luminosos (cromoterapia, laser, infravermelho), magnéticos (imãs) e químicos (HOPWOOD, 2001).
Durante as últimas décadas, a acupuntura se tornou cada vez mais popular e parcialmente aceita em muitos países ocidentais, principalmente como técnica de alívio da dor. Vários factores contribuíram para essa popularidade, tais como muitos relatos de alívio de dor aguda e crónica, a compreensão de alguns mecanismos de acção e o interesse nas culturas do Extremo Oriente e em seu misticismo. Além disso, o tratamento não tem efeitos colaterais sérios e é barato. O fato mais importante para sua aceitação parcial na área da saúde foi a acumulação de resultados da aplicação dos métodos científicos na avaliação de seus efeitos. Isso começou nos anos 50, na China, com estudos da analgesia durante cirurgias (HOPWOOD et al, 2001).

Tipos de tratamento da enxaqueca

O tratamento farmacológico das enxaquecas pode visar o controle da dor no momento da crise, quando elas são esporádicas e não interferem de forma significativa nas actividades diárias do paciente, ou a profilaxia dos episódios quando os mesmos se tornam incapacitantes. Na literatura, sugere-se numerosas drogas tanto para o tratamento abortivo quanto para o tratamento profilático, especialmente para enxaquecas de difícil controle. 




• Medidas gerais
1. Evitar, quando possível, os factores desencadeantes
2.  Repouso em lugar escuro e tranquilo
3.  Antieméticos por via parenteral quando necessário
• Tratamento abortivo (no início da dor ou durante a aura)

1. Inicialmente um dos seguintes inibidores das prostaglandinas
a)  paracetamol = 10 mg/kg/dose; dose máxima 750 mg ou
b) ácido acetil-salicílico = 10 mg/kg/dose; dose máxima 1000 mg
2. Quando não se obtém o controle da crise, a associação ergotamina (1mg) e cafeína (100mg) pode ser utilizada em crianças maiores e adolescentes. Quando necessário, esta dose pode ser repetida em 30 minutos.
3. O sumatriptano pode substituir a ergotamina em crianças maiores e adolescentes mas não deve ser associada a ela. Por via subcutânea a dose é de 6mg e por via oral é de 100 mg.
• Tratamento profilático

Quando as crises são freqüentes com prejuízo das actividades quotidianas, deve-se utilizar uma das seguintes drogas, diariamente, mesmo durante os períodos assintomáticos:
1)  Propranolol: contra indicado quando há antecedente de bronco espasmo. A dose usual é de 2 mg/kg/dia, distribuída em 3 tomadas.
2)  Flunarizina:  A dose é de 5-10 mg 1-2xdia.
3)  Ácido valpróico ( valproato de sódio ): dose inicial de 10 a 15 mg/kg/dia em 2 doses diárias. A dose de manutenção é de 20 a 30 mg/kg/dia.

Eficácia de medicamentos na enxaqueca

EVIDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS SOBRE MANEJO MEDICAMENTOSO DE ENXAQUECA
  1.  Para tratamento sintomático da crise usual de enxaqueca, ácido acetil-salicílico (1.000mg), paracetamol (1.000mg), ibuprofeno (200–400mg), associados ou não a metoclopramida ou cafeína, mostram-se eficazes e são agentes de primeira escolha.
  2.  O controle da crise é melhor quando o tratamento é iniciado precocemente, sendo suficientes, então, menores doses dos medicamentos.
  3.  O abuso de medicamentos antienxaqueca (doses excessivas ou administrações frequentes) induz cefaleia de rebote e se associa a estado enxaquecoso.
  4.  A associação de ácido acetilsalicílico e metoclopramida tem eficácia com-parável a de sumatriptana oral em crises leves e moderadas de enxaqueca.
  5.  Metoclopramida deve ser indicada na presença de náusea e vómito.
  6.  Ibuprofeno tem eficácia dose-dependente na crise de enxaqueca.
  7.  Triptanas são apropriadas para tratamento de enxaqueca moderada e grave em pacientes não responsivos aos agentes de primeira escolha. Todos os representantes desta classe têm eficácia similar. As evidências não atestam superioridade de eficácia de triptanas comparativamente a analgésicos e AINE em pacientes a eles responsivos.
  8.  Medicamentos profiláticos de escolha são betabloqueadores adrenérgicos e antidepressivos tricíclicos.
  9.  Anticonvulsivantes demonstram eficácia profilática, mas não superam os betabloqueadores e apresentam a desvantagem de mais efeitos adversos.
  10.  Os efeitos adversos descritos nos ensaios clínicos são tratáveis, transitórios e não ocasionam desistência do tratamento.

Tratamento das crises de enxaqueca

Vários medicamentos, isoladamente ou em combinação, são usados para controle sintomático das crises, objectivando cessação da dor ou seu alívio em tempo curto (cerca de duas horas). Geralmente são preferidas as apresentações orais. Como a peristalse está diminuída durante a crise, preparações efervescentes ou dispersíveis também são preferidas por terem absorção mais rápida que a dos comprimidos convencionais. Além disso, outras vias de administração podem ser utilizadas. Com base nos dados existentes, vários grupos farmacológicos mostram-se eficazes em reduzir dor sustentadamente. Os resultados são melhores quando o tratamento é iniciado precocemente, sendo suficientes, então, menores doses dos medicamentos.

Prevenir a enxaqueca

A profilaxia pode reduzir a gravidade e a frequência das crises, mas não as elimina por completo. Assim, o tratamento sintomático é sempre necessário. A abordagem terapêutica inclui mudanças de estilo de vida (afastando desencadeantes) e emprego de fármacos, tais como betabloqueadores (atenolol), antidepressivos tricíclicos (imipramina), antagonistas dos canais de cálcio (verapamil) e anticonvulsivantes (topiramato). Na profilaxia, a eficácia dos medicamentos é avaliada por diminuição de duração e intensidade das crises e seu espaçamento num período de dois a três meses. Apenas para alguns fármacos há evidências consistentes sobre eficácia na prevenção de enxaqueca. Se alguns desses fármacos em monoterapia não se mostram eficazes, combinações deles devem ser tentadas, antes de substituir por medicamentos de segunda escolha. A eficácia profilática de magnésio, riboflavina e coenzima Q10 é baixa. Porém, muitas vezes, são usados pela ausência de efeitos adversos. Magnésio pode ser particularmente útil durante a gravidez. Ensaios clínicos controlados não evidenciaram que acupuntura se diferencie do placebo. Toxina botulínica A não é eficaz na profilaxia da enxaqueca.
Revisão sistemática Cochrane de 15 estudos comparou 11 fármacos a placebo na prevenção de enxaqueca em crianças. Propranolol reduziu em dois terços a frequência da cefaleia.
A indicação de profilaxia se faz para pacientes com as seguintes condições:
- Não resposta ao tratamento sintomático agudo ou impossibilidade de fazê-lo.
- Aumento progressivo na frequência das crises de enxaqueca.
- Ocorrência de crises uma ou mais vezes ao mês.
- Incapacitação decorrente da gravidade e duração das crises.
- Abuso de medicamentos para tratar as crises.

Mitos e verdades sobre enxaqueca

Jejum é um dos mais frequentes desencadeadores de enxaqueca, juntamente com o stress. Bebidas alcoólicas todas causam cefaleia, porém os vinhos tintos são mais prováveis de provocar a dor devido ao seu conteúdo de taninos. A relação álcool – enxaqueca é dose dependente, se a bebida for consumida em grande quantidade as chances são maiores da conhecida “ressaca”. Admite-se que um consumo de mais de 200 mg de cafeína por dia torna um indivíduo mais susceptível para ter crises de enxaqueca, isto significa o uso de três cafés expressos por dia, ou cerca de cinco xícaras de café coado, ou cinco latas de coca cola.
Além disso o uso de cafeína após as 18 hs desestrutura o ritmo normal de sono, o que também pode causar enxaqueca. Uma outra síndrome é a cefaleia da retirada da cafeína, que acontece quando no final de semana a tomada de café em grandes quantidades durante a semana é parada.
Uma lista grande de outros alimentos provocadores de cefaleia existem, como adoçantes, leite, queijos fortes, frutas cítricas, nozes, banana, feijão, doces, salsicha, condimentos, pimenta, mas não há evidência científica que dietas ou mesmo que a busca activa de desencadeantes quando eles não são relatados pelo paciente resulte em algum benefício clínico.
Por último vamos comentar sobre os produtos nutricionais que podem ser usados na prevenção da enxaqueca. Recentemente alguns estudos controlados com placebo mostram que a RIBOFLAVINA, a vitamina B2, em altas doses é significativamente eficaz na profilaxia da enxaqueca. Da mesma forma, o Magnésio e a Coenzima Q 10 também se mostraram eficazes. O mecanismo pelo qual estes produtos agem na enxaqueca é incerto mas é possível que ocorra estabilização de membrana celular e melhora da função mitocondrial. Outra substância que age favoravelmente na enxaqueca é a MELATONINA. Estudos mostram que seus níveis estão diminuídos na enxaqueca e que sua suplementação é eficaz na prevenção da enxaqueca.

Controle das cefaleias

Existem várias estratégias não medicamentosas que se reconhece melhorar o controle das cefaleias.
Identificar e evitar os factores desencadeantes, não ficar longos períodos sem alimentação, não fumar, evitar o stress, ter um sono regular são úteis no controle das crises de dor de cabeça. Fazer exercícios regularmente pode também reduzir sensivelmente o número de crises.
Quando ansiedade, ou depressão, ou crises de pânico, ou fases de mania estão presentes, a psicoterapia cognitiva aumenta o grau de controle das cefaleias. Outras estratégias como o biofeedback, a hipnose são também úteis em alguns casos.
Acupuntura pode ajudar, e o uso de fitoterápicos e outros tratamentos não estão ainda bem estudados.
É o principal tratamento das dores de cabeça, o tratamento preventivo, também conhecido como profilático, visa evitar as crises, torná-las menos intensas, menos frequentes, e mais responsivas ao tratamento agudo.
Expectativas realistas para o tratamento são necessárias, redução das crises em 50% acontecem na maioria dos casos.

Bloqueadores dos canais de cálcio

Uma das teorias para as causas da enxaqueca é a de que ocorre um distúrbio dos canais de cálcio (parte da célula nervosa). Medicações que bloqueiam este sistema actuam bem na prevenção da enxaqueca. A mais usada é a FLUNARIZINA, mas outras medicações como o VERAPAMIL também são utilizadas, especialmente no tratamento de enxaquecas hemiplégicas (com perda de força em um dos lados do corpo) e nas cefaleias em salvas.

Betabloqueadores no tratamento da enxaqueca

Os Betabloqueadores são uma das classes de medicações mais antigas no tratamento da enxaqueca e também eficazes. São também usados no tratamento da hipertensão arterial. O PROPRANOLOL e o ATENOLOL são os mais usados, com boa eficácia. Efeitos colaterais são cansaço e depressão.
Betabloqueadores são contra indicados em pacientes com asma. Outros betabloqueadores como o NADOLOL, PINDOLOL e METOPROLOL podem também ser usados.

Preventivos para enxaqueca - Neuromodulares

Os Neuromoduladores são também conhecidos como anticonvulsivantes, medicações originalmente usadas para epilepsia, mas que são óptimos preventivos para enxaqueca. O primeiro e mais usado é o ÁCIDO VALPRÓICO.
Efeitos colaterais mais comuns são tremores e aumento de peso.
TOPIRAMATO também vem sendo usado com eficácia para o tratamento da enxaqueca, e é uma das únicas medicações que podem induzir a perda de peso, porém podem apresentar distúrbios cognitivos e formigamentos como efeitos colaterais.
A GABAPENTINA também pode ser eficaz na prevenção da enxaqueca.
Outros anticonvulsivantes como a LAMOTRIGINA, CARBAMAZEPINA E HIDANTOÍNA são eficazes para dores do tipo nevrálgicas (dores faciais, neuralgia do trigêmeo). Novos anticonvulsiovantes como o LEVATIRACETAM e a ZONIZAMIDA tem o potencial de também agirem no controle da dor.

antidepressivos no tratamento da enxaqueca

Mais de 20 diferentes tipos de antidepressivos existem, divididos em várias classes (tricíclicos, inibidores da MAO, inibidores da recaptação de serotonina, serotonina e noradrenalina, serotonina e dopamina) porém poucos são sabidamente eficazes no tratamento das cefaleias. A medicação mais usada e com comprovação científica mais ampla é a AMITRIPTILINA, um antidepressivo tricíclico, cujos principais efeitos colaterais são sonolência (útil para pacientes com insónia), e boca seca.
É uma medicação utilizada para depressão, vários tipos de dor, Apoio: ansiedade, insónia, síndrome do cólon irritável e fibromialgia.
Outros antidepressivos são usados para o tratamento da enxaqueca, cefaleia do tipo tensional e cefaleia crónica diária, porém apenas os tricíclicos tem sabida eficácia. OS antidepressivos são : - ORTRIPTILINA, IMIPRAMINA, DOXEPINA (classe dos tricíclicos);
- FLUOXETINA, CITALOPRAM, SERTRALINA, PAROXETINA, FLUVOXAMINA (classe dos inibidores da recaptação da serotonina);
- BUPROPRION, AMINEPTINA (inibidores da noradrenalina e dopamina); MIRTAZAPINA, NEFAZODONE, VENLAFAXINA, ROLIPRAM (inibidores da recaptação da noradrenalina) FENELZINE, TRANILCIPRAMINE (inibidores da MAO).
Recentemente foi lançada a medicação antidepressiva DULOXETINA, com acção equilibrada de dois neurotransmissores: a serotonina e a noradrenalina, os resultados são promissores.

Tratamento agudo não medicamentoso da enxaqueca

Além dos remédios, algumas outras estratégias podem ser usadas para o alívio mais efectivo da crise de dor de cabeça.
A aplicação de uma compressa fria, ou gelo na região cervical e/ou frontal pode ajudar no alívio da dor. Pessoas com intensa ansiedade na hora da crise, acabam entrando em desespero, chorando, hiperventilando (respirando aceleradamente), o que causa piora dos sintomas da crise de cefaleia. Para tais condições, o treino de técnicas de relaxamento pode reduzir e até abolir um número considerável de crises, porém, é preciso um esforço pessoal do paciente maior.
É o principal tratamento das dores de cabeça, o tratamento preventivo, também conhecido como profilático, visa evitar as crises, torná-las menos intensas, menos frequentes, e mais responsivas ao tratamento agudo.
Expectativas realistas para o tratamento são necessárias, redução das crises em 50% acontecem na maioria dos casos.

Triptans para tratamento da enxaqueca

Os triptans são medicações criadas especificamente para o tratamento das enxaquecas.
Elas agem nos receptores de serotonina, melhorando a crise de enxaqueca mais rapidamente, com menos efeitos colaterais que as ergotaminas. O primeiro remédio lançado foi o SUMATRIPTANO. Recentemente, outros novos triptans como o RIZATRIPTAN, ZOLMITRIPTAN e NARATRIPTAN estão disponíveis. Apesar de eficazes, o preço dos triptans é considerado ainda alto.

Ergotaminas para enxaqueca

Ergotaminas são medicações antigas para cefaleias, particularmente enxaquecas, cuja resposta é muito boa em alguns casos. Apresenta efeitos colaterais indesejáveis como vasoconstrição arterial e náusea. Algumas ergotaminas apresentam preparações com cafeína. São medicações com grande potencial de causar cefaleia rebote. Exemplos desta classe de medicações são: Cefalium, Cefaliv, ormigrein, Migrane, Parcel, Tonopan e dihydergot.

Anti-inflamatórios usados no tratamento da enxaqueca

São medicamentos usados para dor em geral. Eles agem em uma substância chamada prostaglandina, diminuindo a inflamação. Vários anti-inflamatórios são usados para cefaleias, tais como DICLOFENACO, INDOMETACINA, NAPROXENO, ASPIRINA.
São eficazes no tratamento das crises de cefaleia, mas apresentam efeitos colaterais indesejáveis na mucosa do estômago e rins.
A INDOMETACINA é uma medicação especial para dores de cabeça. Alguns tipos de cefaleias apresentam uma resposta imediata e duradoura a indometacina, são as cefaleias indometacino-responsivas (Hemicrania continua, hemicrania paroxística crónica, cefaleia do esforço, cefaleia da tosse, cefaleia da actividade sexual, cefaleia em pontadas).
NOVOS ANTIINFLAMATÓRIOS (INIBIDORES DA COX-2) Etoricoxib (ARCOXIA) e Celecoxib (CELEBRA) são novos anti-inflamatórios cuja ação e mais específica para dor, causa menos úlcera gástrica e sangramento. O preço, no entanto, é maior que outros antiinflamatórios convencionais. Recente polémica quanto à segurança deste anti-inflamatórios fez com que duas substâncias desta mesma classe fossem retiradas do mercado, o valdecoxib (BEXTRA) e Rofecoxib (VIOXX).

Analgésicos comuns para enxaqueca

Analgésicos comuns ou simples, são medicamentos que geralmente não precisam de receita médica, e que são encontrados.
Os mais comuns são o ACETOMINOFENO ou PARACETAMOL, cujo nome comercial é tylenol, e a DIPIRONA, com várias formulações comerciais, Doril, Anador, Cibalena.
Muitos analgésicos apresentam também em suas fórmulas a cafeína.
O custo destes medicamentos é baixo, são úteis para crises de intensidade leve a moderada, apresentam poucos efeitos colaterais, mas não são eficazes para crises de enxaqueca mais intensas. Há um grande potencial de cefaleia rebote com o uso excessivo de analgésicos (mais que 3 vezes por semana).

Tratamento da enxaqueca

O tratamento farmacológico das enxaquecas pode visar o controle da dor no momento da crise, quando elas são esporádicas e não interferem de forma significativa nas actividades diárias do paciente, ou a profilaxia dos episódios quando os mesmos se tornam incapacitantes. Na literatura, sugere-se numerosas drogas tanto para o tratamento abortivo quanto para o tratamento profilático, especialmente para enxaquecas de difícil controle. 
• Medidas gerais
1. Evitar, quando possível, os factores desencadeantes
2.  Repouso em lugar escuro e tranquilo
3.  Antieméticos por via parenteral quando necessário
• Tratamento abortivo (no início da dor ou durante a aura)

1. Inicialmente um dos seguintes inibidores das prostaglandinas
a)  paracetamol = 10 mg/kg/dose; dose máxima 750 mg ou
b) ácido acetil-salicílico = 10 mg/kg/dose; dose máxima 1000 mg
2. Quando não se obtém o controle da crise, a associação ergotamina (1mg) e cafeína (100mg) pode ser utilizada em crianças maiores e adolescentes. Quando necessário, esta dose pode ser repetida em 30 minutos.
3. O sumatriptano pode substituir a ergotamina em crianças maiores e adolescentes mas não deve ser associada a ela. Por via subcutânea a dose é de 6mg e por via oral é de 100 mg.
• Tratamento profilático

Quando as crises são frequentes com prejuízo das actividades quotidianas, deve-se utilizar uma das seguintes drogas, diariamente, mesmo durante os períodos assintomáticos:
1)  Propranolol: contra indicado quando há antecedente de broncoespasmo. A dose usual é de 2 mg/kg/dia, distribuída em 3 tomadas.
2)  Flunarizina:  A dose é de 5-10 mg 1-2xdia.
3)  Ácido valpróico ( valproato de sódio ): dose inicial de 10 a 15 mg/kg/dia em 2 doses diárias. A dose de manutenção é de 20 a 30 mg/kg/dia.

As manifestações clinicas da enxaqueca

Factores precipitantes como ansiedade,  exercício físico,  traumatismo craniano, alergia, dieta e ciclo menstrual podem estar presentes na enxaqueca. São reconhecidos vários tipos de enxaqueca e dois deles são mais importantes na prática clínica: a enxaqueca com aura (clássica) e a  enxaqueca sem aura (comum). 

- A enxaqueca sem aura é a mais frequente na infância (70%). Não há aura visual ou somatossensorial. A dor pode ser precedida de alterações da personalidade, irritabilidade ou letargia. Estas manifestações iniciais podem durar 30 minutos e são seguidas de cefaleia frontal, recusa alimentar, dor abdominal, náuseas e vómitos. Estes pacientes procuram repousar em lugar escuro e tranquilo (fonofobia e fotofobia) e ao despertar normalmente a dor desaparece.

- A enxaqueca com aura corresponde a 15% das enxaquecas na infância. Ocorre normalmente no final do dia e é precedida por uma aura visual (visão borrosa, luzes coloridas e brilhantes, escotomas) ou somatossensorial (parestesias etc). A duração da aura varia e pode chegar a 20 minutos. A dor frequentemente é unilateral, orbitária, frontal ou temporal. A criança abandona o que vinha fazendo, vai a um lugar escuro (fotofobia) e tranquilo (fonofobia), tenta dormir e ao despertar a dor normalmente desaparece. Dor abdominal, recusa alimentar, náuseas e vómitos estão frequentemente associados. Em alguns casos a dor pode ser precedida ou acompanhada de sinais neurológicos transitórios como paralisia completa ou incompleta do III par (oculomotor), hemiparesia, afasia etc.
O diagnóstico das enxaquecas  é essencialmente clínico e os exames complementares estão reservados àqueles casos  nos quais são encontradas alterações focais no exame neurológico  ou manifestações que indiquem hipertensão intracraniana, como carácter progressivo da dor. Nestes casos, a tomografia computadorizada de crânio é o exame mais indicado.