Informação sobre enxaqueca, causas, sintomas e tratamento da enxaqueca e cefaleia. Abordamos todos os tipos de enxaqueca.


A acupuntura no tratamento da enxaqueca

A origem da Acupuntura confunde-se com o início da civilização chinesa pelos indícios existentes de uma tradição onde os conhecimentos eram transmitidos verbalmente de mestre para discípulo. Na dinastia do Imperador Amarelo (Huang Di) tais conhecimentos foram condensados num livro tradicional conhecido até hoje como a “Bíblia da Acupuntura”, denominado Huang Di Nei Jing, que se trata de um texto escrito em forma de diálogos nos quais se obtém informações a respeito da todas as questões ligadas à saúde, principalmente, sobre a arte da cura (HISTÓRIA DA ACUPUNTURA, 2003).
A acupuntura tem por objectivo tratar as doenças por meio de aplicações
de agulhas de corpo longo e ponta fina em pontos determinados para produzir sensações ao paciente com a finalidade de curar uma enfermidade (YAMAMURA, 1993).
Para a Medicina Chinesa, o corpo é constituído de Matéria e Energia. Existem as energias que o homem absorve através da respiração (Energia Celeste), através da alimentação (Energia Terrestre) que juntas constituem a Energia Essencial e que esta, juntamente com a Energia Ancestral, vão constituir a Energia Nutridora e a Energia Defensiva. O equilíbrio destas Energias, de uma maneira geral, é o responsável pela saúde do indivíduo.
Quando há o desequilíbrio ou um excesso de Energia Celeste, considerados os factores de adoecimento, o indivíduo adoece (CORDEIRO, 2001;WEN, 1995).
Existem as teorias:
a) Yin-Yang, representado no Tai Chi (Grande Princípio Primordial), referindo que todo o fenómeno do universo é um íntegro formado por 2 partes opostas e complementares que se relacionam mutuamente;
b) Órgãos e Vísceras (Zang-Fu), referindo as actividades fisiológicas dos órgãos que permitem o equilíbrio energético;
c) Cinco elementos (Madeira, Fogo, Terra, Metal e Água) que, na realidade, são os 5 elementos básicos que constituem a natureza onde existe, entre eles, uma interdependência e uma inter-restrição que determinam seus estados de constante movimento e mutação, sendo essa teoria comummente usada como guia na aplicação do tratamento após realizado o diagnóstico.
Todas as teorias são utilizadas para, de maneira filosófica, explicarem os processos patogénicos e curativos através do reequilíbrio da Energia Vital (Qi), com a manutenção dos 12 canais de energias bilaterais e dois canais unilaterais existentes no corpo humano (YAMAMURA, 1993; MACIOCIA, 1996;WEN, 1995).
O diagnóstico na acupuntura se dá por quatro (4) procedimentos:
a) inspecção – geral e regional, onde a língua é muito inspecionada durante diagnóstico pelos acupunturistas chineses;
b) ouvir as queixas e sentir os odores apresentados pelo paciente;
c) questionar os dados a respeito da duração, local e tipos de sintomas e sinais;
d) palpação – pulsologia, um dos métodos também muito utilizado pelos acupunturistas, pois, baseado na observação milenar da medicina chinesa, existe uma relação entre a posição do pulso e os diferentes meridianos do organismo podendo, desta forma, indicar a situação do meridiano no indivíduo naquele momento (WEN, 1995).
Com relação aos instrumentos de aplicação da acupuntura, estes foram
se desenvolvendo a partir do momento em que novos materiais foram sendo descobertos resultando na confecção das agulhas. Existem provas arqueológicas de que as agulhas eram feitas primariamente de pedras polidas, mas depois evoluíram para outros materiais como ossos, bambú, barro, ferro, ouro e prata, ligas metálicas até às agulhas de aço inoxidável que são utilizadas até os dias de hoje. Paralelamente ao desenvolvimento da aplicação por agulhas houve também o desenvolvimento do uso da moxa (cones ou bastões acesos feitos a partir de folhas secas de Artemisia vulgaris) para cauterizar ou aquecer determinadas regiões da pele, apesar de alguns autores acreditarem que a moxa é ainda mais antiga que a acupuntura. A aplicação da acupuntura pelo corpo pode ser feita através de pontos por todo o corpo (Acupuntura Sistémica) ou através de pontos localizados em partes determinadas do corpo (Acupuntura Microssistêmica) onde, por exemplo, a orelha é considerada um microssistema juntamente com a face, mãos, pés, a cabeça na craneoacupuntura e outros (YAMAMURA, 1993; WEN, 1995).
Com a passar dos tempos, os métodos de aplicação da acupuntura também foram se desenvolvendo onde, antigamente, os estímulos nos pontos de acupuntura eram apenas mecânicos (agulhas, massagens e ventosas) e térmicos (moxa), com a evolução da ciência, outros tipos de estímulos também podem ser administrados hoje como, por exemplo, estímulos eléctricos (eletroacupuntura), luminosos (cromoterapia, laser, infravermelho), magnéticos (imãs) e químicos (HOPWOOD, 2001).
Durante as últimas décadas, a acupuntura se tornou cada vez mais popular e parcialmente aceita em muitos países ocidentais, principalmente como técnica de alívio da dor. Vários factores contribuíram para essa popularidade, tais como muitos relatos de alívio de dor aguda e crónica, a compreensão de alguns mecanismos de acção e o interesse nas culturas do Extremo Oriente e em seu misticismo. Além disso, o tratamento não tem efeitos colaterais sérios e é barato. O fato mais importante para sua aceitação parcial na área da saúde foi a acumulação de resultados da aplicação dos métodos científicos na avaliação de seus efeitos. Isso começou nos anos 50, na China, com estudos da analgesia durante cirurgias (HOPWOOD et al, 2001).