Informação sobre enxaqueca, causas, sintomas e tratamento da enxaqueca e cefaleia. Abordamos todos os tipos de enxaqueca.


Entendendo a enxaqueca

Uma doença que atinge um décimo da nossa população é o tema de milhares de conversas particulares a cada dia, mas surpreendentemente poucas pessoas (até mesmo os médicos) podem fornecer uma resposta coerente quando se pergunta o que é uma enxaqueca.
A enxaqueca é relativamente fácil de definir em termos clínicos. Por vezes diz-se que uma enxaqueca ocorre quando existem 5 ou mais ataques de dor de cabeça não provocadas e que duram entre 4 a 72 horas, sendo grave o suficiente para restringir significativamente ou até mesmo proíbem a atividade diária de rotina, sendo acompanhada de náuseas ou sensibilidade à luz e ao som. Note-se que a definição clínica de enxaqueca não requer que a dor de cabeça seja pulsátil ("pulsante") ou lateralizada para um dos lados da cabeça: apesar de tais características serem comuns na enxaqueca, que estão longe de ser invariáveis. O diagnóstico de enxaqueca, nem requer a ocorrência de sintomas da aura visual ou de outras; e apenas 20 a 25% dos pacientes com enxaqueca sempre experimentam aura, e nessa minoria, relativamente são poucos os que experimentam aura a cada ataque de enxaqueca. Por fim, a enxaqueca não precisa ser intensa ou incapacitante em todas as ocasiões; sendo que algumas crises de enxaqueca podem não envolver nenhuma dor de cabeça de qualquer natureza (aura sem dor de cabeça), e muitos ataques podem envolver dor de cabeça de intensidade ligeira e uma reminiscência mais do tipo tensional de dor de cabeça, do que o que normalmente se associa com uma enxaqueca.
Ao longo dos últimos anos acreditava-se que as crises de enxaqueca surgiam devido a mudanças nos vasos sanguíneos que suprem a cabeça e o cérebro; e aura (quando ocorre) era atribuída a constrição das artérias, com sintomas neurológicos decorrentes da deficiência do fluxo sanguíneo e da "latejante, nauseante" dor da enxaqueca atribuída a uma dilatação compensatória dessas e outras situações.
Agora acredita-se que a enxaqueca é, provavelmente, de origem genética e que o distúrbio reflete uma hipersensibilidade geneticamente induzida que envolve os neurónios (células cerebrais), localizadas no sistema nervoso central. Se um neurónio geneticamente preparado desencadear uma mudança no ambiente externo (por exemplo, queda da pressão barométrica) ou ambiente interno (por exemplo, queda brusca no nível de estrogênio), o neurónio pode ativar e, acionar seus neurónios vizinhos para participar, e induzir o caminho da forma como o cérebro normalmente conduz a dor de cabeça para despertar e produzir os sintomas familiares de uma crise de enxaqueca. Como tal, a enxaqueca é um pouco semelhante à epilepsia. Ambas as condições refletem cérebros que contêm neurónios que são anormalmente sensíveis, e como a enxaqueca, a fonte desta sensibilidade na epilepsia podem ser genética. Enxaqueca e epilepsia são "co-mórbida bi-direcional" (ou seja, se a pessoa tem enxaqueca,  ela é mais propensa a epilepsia do que normalmente seria esperado noutra pessoa e vice-versa). Além disso, cimentando esta relação, é o facto de que inumeros dos nossos melhores medicamentos para a prevenção da enxaqueca foram inicialmente desenvolvidos para tratar a epilepsia (por exemplo, divalproato de sódio [Depakote] e topiramato [Topamax]).
A terapia para enxaqueca aguda e crónica, destina-se a estabilizar um cérebro geneticamente preparado, que se tornou de forma aguda ou crónica instável.